
Alecrim-alvar (Rosmarinus officinalis L.)
Alecrim-dourado
Alecrim do campo Lantana microfyllia Martius
Alecrim do mato Baharis sylvestre synamthereas
O alecrim é um arbusto vivaz que se encontra nas regiões montanhosas, irrompendo até por onde as brechas de certas rochas. Pode chegar a atingir de 2 a 3 metros de altura, ou ficar pequeno e robusto como um verdadeiro bonsai. Floresce desde o princípio do Outono continuando até à Primavera. É nesta fase que melhor se identifica a espécie considerada virtuosa, conhecida desde tempos remotos por alecrim-alvar, devido exatamente à brancura imaculada das suas inflorescências, enquanto que nas outras variedades as inflorescências apresentam tonalidades, brancas, lilases, roxas, e rosas mais ou menos acentuadas, conforme as condições ecológicas do seu ambiente. A fotografia 4 apresenta o alecrim-alvar em plena floração. O alecrim- dourado é assim conhecido porque as folhas adquirem um tom amarelo dourado no Outono, caraterística que só se manifesta nas plantas que nascem espontaneamente em terras virgens junto de determinadas rochas, e pendura apenas enquanto permanecer o suave calor do Verão tardio. Com as primeiras chuvas as folhas readquirem acor verde-viva. Em algumas regiões havia a tradição de oferecer um ramo de alecrim-dourado como símbolo de amor, segundo a crença de que se a cor perdurasse a afeição seria eterna. Em relação ao alecrim-alvar, diz a lenda que nos campos da palestina existiam outrora grandes moitas de alecrim que na época da floração pareciam cobertas de neve e que o Menino jesus aí se isolava durante horas. Sua mãe, preocupada com as suas demoradas ausências percorria ansiosa esses lugares e por onde passava as flores tomavam as tonalidades dos seus mantos. Tal como outras lendas, nesta parece encontrar-se um misto de fantasia e de realidade. Com efeito, há estudos acerca da relação das cores dos solos e das plantas, que mostram alterações notórias desde há 2000 anos. Parece que a camada da superfície terrestre começou a mudar notavelmente de cor desde então e as plantas com flores brancas começaram a rarear, notando-se a predominância das tonalidades lilás e púrpura, sinal de excesso de substâncias poluentes, em especial elementos radioativos. No início dos anos 70 encontrei alecrim-alvar na serra de Monchique, na zona da picota (lado nascente) então coberta por grandes moitas de alecrim e de rosmaninho branco. Em breve constatei o desaparecimento destas e de outras plantas espontâneas, devido à plantação de eucaliptos que consomem os solos, não dando oportunidade ao reflorescimento de outras espécies. Comprovei, também, que o alecrim cultivado em terrenos tratados com produtos químicos dá flores com tonalidades mais roxas do que a mesma espécie no estado espontâneo. Em algumas zonas das serras de Monchique e da arrábida pode ver-se alecrim no estado espontâneo, cujas inflorescências apresentam tonalidades brancas e rosas suaves, e muito próximo, mas no estado subespontâneo, o alecrim ostenta uma cor roxa. O alecrim é uma das espécies aromáticas mais conhecidas e apreciadas, devido às suas vastas propriedades medicinais. A sua ação vivificante manifesta-se rapidamente na melhoria da memoria. Atribuíram-lhe o poder de aumentar a beleza e longevidade.
Colheita: As folhas verdes da base dos ramos podem colher-se durante todo o ano no alecrim-alvar e sempre antes do nascer do sol. Na espécie que dá flores na fase anterior e posterior à floração, visto que na época do florescimento os componentes tóxicos se expandem com maior veemência. Quando o alecrim atinge o tom amarelo dourado, podem colher-se alguns ramos, no final da tarde. As inflorescências alvares colhem-se conforme vão atingindo a plenitude e preferencialmente ao pôr do sol. As inflorescências que apresentam tonalidades lilases ou roxas não se devem colher porque provocam intoxicações. As suas cores e aromas têm uma ação repelente que afasta os mosquitos e outros insetos nocivos à saúde. Não devemos esquecer a função das plantas espontâneas no equilíbrio ambiental. Desse equilíbrio depende a saúde holística.
Conservação: As folhas verdes são muito sensíveis. Para manterem a cor e a vitalidade ao serem colhidas, introduzem-se imediatamente num frasco de vidro opaco com água viva proveniente de uma pura nascente. As folhas amarelo -douradas conservam-se melhor e podem secar-se. As inflorescências são igualmente muito sensíveis. Para um melhor aproveitamento das suas substâncias, nomeadamente o néctar, após a colheita procede-se do mesmo modo do que para as folhas verdes e viçosas. As folhas amarelo- douradas, após a secagem, guardam-se num frasco de vidro opaco e duram mais ou menos 5 meses.
Forma de utilização:
- Folhas verdes e inflorescências alvares frescas em emulsão.
- Inflorescências secas em infusão.
- Folhas douradas em emulsão.
Indicações: A emulsão feita com as inflorescências proporciona uma maior eficácia, destacando-se os seguintes efeitos: purificante, vitamínico, vivificante, galactagogo e antioxidante. A emulsão preparada com as folhas proporciona em especial os efeitos: depurativo, emoliente, tónico, diurético, expetorante, antiescorbútico, revigorante, refrescante e aperitivo. A infusão proporciona principalmente efeitos depurativo e estimulante. As tisanas de alecrim tomam-se de imediato à sua preparação preferencialmente em jejum e no intervalo das refeições porque a ação estimulante é mais eficaz sem a interferência de outros alimentos, e também de aprecia melhor os peculiares aroma e sabor que deixam uma agradável sensação de frescura. A água de alecrim tornou-se famosa devido principalmente ao seu efeito rejuvenescedor. Foi também comprovada a sua ação curativa contra tosses húmidas, clorose, escrófulas e outros males. A emulsão aplicada diretamente sobre a pele faz aumentar a tonicidade e dá-lhe um notável brilho. É igualmente muito eficaz para os cabelos. Aplicada após a lavagem, penetra no couro cabeludo fortalecendo as raízes e tornando os cabelos mais sedosos. Um banho bem aromatizado com uma infusão de alecrim produz uma ação estimulante que se traduz num bem-estar geral. Para se obterem melhores resultados e mais duradouros, deve fazer-se um tratamento interno e externo durante 5 dias consecutivos uma vez por mês.
Fonte: Guia Ecológico das Plantas Aromáticas e Medicinais de Zélia Sakai



