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“Uma lenda oriental conta-nos que nas montanhas do Himalaia vivia um velho sábio que passava longas horas a meditar junto de uma pedra da qual brotava água cristalina. Todos os dias bebia um pouco dessa água, notando que mudava de sabor conforme os ciclos solar, lunar, estações do ano e outros ritmos, tomando por vezes um gosto semelhante ao de certas plantas. Começou então a fazer experiências, submergindo folhas verdes e viçosas e pétalas de flores nessa água, e simplesmente com o auxílio dos reflexos doces do nascer do Sol, do pôr do Sol e do luar obteve excelentes diluições das substâncias essenciais de um grande número de plantas. Ensinou o método aos seus discípulos, que o seguiram meticulosamente, convictos de que a deliciosa bebida aumentava a intuição, a clarividência e a longevidade.

O método foi evoluindo progressivamente, englobando conhecimentos muito vastos, não só acerca das características das plantas mas também da água viva, das mudras e da numerologia sagrada.

Os antigos sábios consideravam como água viva e pura a que emanava naturalmente de uma nascente situada nas montanhas virgens e ricas em vegetação, visto que mantém a sua pureza devido principalmente à temperatura baixa, cujas flutuações lhe conferem frescura e transparência.

As mudras, que igualmente constituem parte integrante do culto das tisanas, são gestos harmoniosos das mãos atribuídos às divindades. Expressam uma mensagem mais viva e real do que a própria palavra. A saudação oriental, com as mãos juntas em frente do plexo solar cardíaco, é uma mudra que manifesta respeito mútuo e preserva da influência de energias perturbadoras. Mas este gesto, feito fora do seu ritual, não passa de mera cortesia. As mudras exigem uma grande capacidade de concentração, que permite uma melhor percepção do mais simples dos nossos gestos. Com a prática diária da concentração corrige-se a desatenção, adquirindo-se harmonia e naturalidade.

Na Antiguidade, a interpretação dos números era considerada uma ciência preternatural. Os números ímpares foram atribuídos ao mundo celestial e os números pares ao mundo terreno. O número cinco, a que os antigos sábios deram tanta importância como símbolo da harmonia, expressa-se em realidades tais como os cinco elementos, as cinco regiões da coluna vertebral, os cinco dedos das nossas mãos e em muitas outras manifestações do equilíbrio da Natureza.

Os princípios fundamentais das tisanas consistem em cinco regras:

-utilizar exclusivamente plantas no estado natural e isentas de toxicidade;

-usar água proveniente de nascentes puras;

– Praticar uma rigorosa higiene das plantas e utensílios a usar;

-Preparar as tisanas segundo uma trilogia de processos: emulsão, infusão e decocção. Cada um destes processos obedece, por sua vez, às características e afinidades de cada planta;

-Ter em conta a harmonia, desde a conjugação dos ingredientes até ao modo de dar e receber uma taça de tisana.

A conjugação das plantas obedece à compatibilidade que existe entre elas e à simbologia dos números. Nas fórmulas compostas utilizam-se de 3 a 5 ingredientes. Em relação às proporções usa-se a nossa mão como medida. A mão de cada pessoa é, de facto, a medida mais exacta e natural que a ela se adequa, adaptando-se à quantidade relativa de cada espécie, mantendo um contacto harmonioso, preservando as suas virtudes intrínsecas.”

 Continua…


Fonte: Guia Ecológico das Plantas Aromáticas e Medicinais de Zélia Sakai

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