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É a articulação da mobilidade completa. Está ligado ao cotovelo através do antebraço e permite que a mão, vetor final da ação, se mexa em todos os eixos do espaço. É através dele que a mão se liga ao braço, o que lhe dá a sua mobilidade potencial. É ele que faz a ligação entre o que transmite a ação (braço) e o que a faz (mão). Ele representa a porta da Escolha, a porta da Implicação, assim como o tornozelo, porém no mundo da ação desta vez.
Quando da execução de uma ação, o braço é o vetor primordial e o de transmissão, enquanto a mão é o vetor final e o de realização. O punho possibilita a ligação entre os dois, oferecendo à mão uma mobilidade, uma flexibilidade e uma precisão direcional que ela não poderia ter. Logo, é ele que concede a mobilidade, a flexibilidade, a “simplicidade” das nossas ações e das nossas opiniões. E ele é a projeção dessas mesmas qualidades em relação à nossa vontade e à nossa busca pelo poder sobre as coisas e os seres. É a articulação consciente das nossas referências à ação e à supremacia, da expressão manifestada da nossa vontade, enquanto o ombro representa a articulação inconsciente dessas mesmas referências.


Os males do punho

As entorses, as dores ou os traumatismos dos punhos nos falam das nossas tensões, da nossa falta de flexibilidade ou de segurança quanto aos nossos atos ou nossos desejos de agir ou quanto às nossas opiniões. Eles querem dizer que falta segurança, solidez na nossa relação com a ação, no que nós fazemos. Então endurecemos os nossos punhos para que se tornem mais “sólidos”. As tensões também nos falam da nossa rigidez na ação, ou seja, da nossa busca pelo poder no mundo exterior (os objetos, a matéria ou os seres) e em nós mesmos.
Quando nos opomos a fazer, quando não nos damos a oportunidade, nossos punhos (e nossas mãos) vão se retesar e sofrer. São eles que acorrentamos quando queremos impedir os prisioneiros de agir (enquanto acorrentamos os pés quando queremos impedi-los de fugir). Da mesma forma, quando queremos fazer demais, quando somos voluntaristas ou excessivamente autoritários e quando a ação só se dá pela vontade e sob a ação da força, nossos punhos vão manifestar a sua oposição e acalmar essa vontade excessiva e esse emprego da força através da dor. Dessa forma, o nosso Mestre Interior faz com que nos acalmemos!
Se a dor, o traumatismo ou a tensão se manifestar no punho direito, eles estão relacionados com o Yin (simbólica materna), e no punho esquerdo, com o Yang (simbólica paterna).
Foi o que me aconteceu há alguns anos. Eu vinha praticando o aikido durante três anos. Como tenho um caráter muito voluntarista, tinha uma certa tendência a querer ir adiante sob a ação da força, a reproduzir fisicamente na minha prática o tipo de relação mental que tinha com a vida. Ora, estava claro que a prática regular e assídua do aikido me concedia e ia me conceder, progressivamente, cada vez mais poder pessoal sobre o mundo exterior. Lá no horizonte ia se traçando o risco desse poder associado ao meu tipo de vontade: o de produzir um perigoso coquetel, que se tornaria mais perigoso ainda por não ser intencional, o de um poder sem domínio.
O meu Mestre Interior ficava vigiando, pois, durante um estágio de aikido no Aveyron, fui sentindo cada vez mais dores no punho, a ponto de não poder mais segurar ou “apertar” o parceiro durante os exercícios. Não havia mais escolha e eu tive que “romper”, ou melhor, relaxar a minha forma de agir , a minha maneira de ocupar o mundo e, precisamente nesse caso, os meus parceiros.
Não compreendi a mensagem de imediato e penei muito por causa desse obstáculo injusto contra o qual me revoltava. Durante dois anos, tive que enfaixar os punhos antes das aulas e durante a minha prática profissional. Tive que trabalhar sabendo que ia sentir dor. Ela me obrigava, à força, a mudar a minha atitude e a minha forma de trabalhar. No final dessa história, compreendi, um dia, o quanto a minha relação com o mundo tinha sido mentalizada e voluntarista. A partir desse dia, nunca mais senti dor nos punhos, mesmo que esses trabalhassem o dia todo e, às vezes, até em ritmo intensivo (seminários, estágios, consultas, massagens etc.).


Fonte:  Diga-me onde dói e eu lhe direi porquê de Michael Odoul

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