
Linum angustifolium Huds. – Linum usitatissimum L.
O linho é conhecido desde a mais remota antiguidade.Diz-se que já era cultivado na Antiga Babilónia. Nas sepulturas dos imperadores do Egipto, têm-se encontrado sementes de linho e restos de tecido confecionado com uma grande perfeição. As sementes de linho contêm grande quantidade de óleo graxo e muita mucilagem. O óleo encontra-se no interior da pequena semente e a mucilagem existe especialmente nos envoltórios da semente. A extração a frio, por meio de trituração manual, permite preservar estas e outras substâncias.
O óleo insaturado atua como estimulante das paredes do estômago e dos intestinos, exercendo uma ação purificadora, dissolvendo mucosidades e outros resíduos tóxicos e expulsando-os pelas vias excretoras. Os processos de fermentação e putrefação normalizam-se, o que se pode comprovar pelo desaparecimento do mau cheiro das deposições. Esta influência sobre as bactérias intestinais mereceu a atenção de físicos e médicos da Antiguidade, que davam muita importância à cor e cheiro das fezes. Está comprovado que a flora intestinal se refaz rapidamente depois de um choque quimioterapêutico, com a prescrição correta do óleo de linho obtido das sementes recém trituradas. O óleo de linho torna-se rançoso passado pouco tempo de ser extraído, provocando efeitos nocivos principalmente nas mucosas.
Numerosas experiências práticas têm demonstrado a sua eficácia através dos tempos.
Diz-se que Teofrasto, na sua obra A História das Plantas, cita o linho como remédio preventivo de diversas doenças, nomeadamente do sistema linfático. Na Idade Média era muito considerado devido às suas propriedades nutritivas e medicinais. Utilizavam-no para manter a saúde, a beleza e na prevenção e cura de diversas doenças. Pintores famosos usavam o óleo de linho, obtido por eles próprios, para a fixação das cores das tintas, tornando-as mais vivas.
Recordo-me que a minha avó utilizava as sementes do linho nas mezinhas e na alimentação, principalmente durante o Outono e o Inverno, como medida preventiva contra inflamações, gripes, catarro e outras enfermidades da época. Empregava também o óleo de linho para tratar a pele e o cabelo tornando-os mais sedosos. A sua boa aparência aos 90 anos era a melhor prova dos bons resultados das suas mezinhas.
Conhecia os segredos do linho, desde o cultivo ao seu bom aproveitamento, e com ela aprendi a habilidade de transformar a planta num delicado fio para tecer preciosos tecidos. Guardo uma indelével recordação dos serões em volta da lareira, nas longas noites de Inverno, ambas dedicadas à tarefa de fiar. Quão gratas vivências, o enlevo do crepitar do lume e a magia das histórias que me contava!…
Colheita: A ceifa do linho faz-se de preferência da parte da manhã. Em seguida colocam-se os molhos sobre panos, expondo-os ao calor suave do fim de tarde para se soltarem as sementes e termina-se o processo de secagem à sombra durante as horas de maior de calor. Em geral demoram de 3 a 5 dias a ficarem bem secas. Este processo exige um cuidado especial, de modo a evitar-se um excesso de calor ou de humidade, para não provocar alterações prejudiciais à saúde destas preciosas sementes.
Conservação: As sementes, quando secas, guardam-se em frascos de vidro opaco. Protegidas da luz, da humidade e de eventuais contaminações, mantêm-se naturalmente durante muitos anos.
Forma de utilização:
- Sementes em emulsão, trituração e maceração.
- Através do processo de emulsão obtém-se uma substância gelatinosa com propriedades medicinais muito vastas. A trituração seguida da maceração e da respetiva decantação possibilitam a extração do óleo e de uma pasta, dois produtos naturais de elevado valor nutritivo e medicinal.
Indicações: A emulsão proporciona os seguintes efeitos: purificante, emoliente, revigorante, tónico e vermífugo. Toma-se em jejum e no intervalo das refeições.
Uma pequena taça produz um efeito purificador profundo devido principalmente à substância gelatinosa que facilita a expulsão de resíduos acumulados no nosso organismo, acelerando o trânsito intestinal. Exerce também uma ação regenerativa.
A pasta usa-se em compressas que se empregam em casos de gripe e inflamação das vias respiratórias, desobstruindo-as. Absorvem o calor do corpo em caso de congestão, reduzindo gradualmente a febre. Ajudam a eliminar mucosidades e outros resíduos prejudiciais à saúde, aliviam dores lombares provocadas pelo reumatismo. As tradicionais compressas de linhaça têm demonstrada a sua eficácia ao longo dos tempos.
Para se obter melhores resultados e mais duradouros, fazem-se tratamentos internos e externos durante 5 dias consecutivos.
Os resultados são rápidos, como se pode comprovar pelo bem funcionamento do aparelho digestivo, perda de peso, melhor suavidade da epiderme e outros resultados visíveis de rejuvenescimento.
Fonte: Guia Ecológico das Plantas Aromáticas e Medicinais de Zélia Sakai



