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Milfurada

Hypericum perforatum L.

Hypericum androsaemum L.

Conhecem-se algumas variedades, sendo a mais famosa o Hypericum androsaemum L., que se distingue principalmente pela forma das folhas um pouco maiores e de uma cor verde mais viva na página superior e menos acentuada na inferior. As flores também são proporcionalmente maiores e a cor de um amarelo-dourado. Encontra- se nas zonas mais húmidas das serras do Gerês, de Sintra e de Monchique.

O nome popular milfurada faz alusão às características das suas folhas e o outro nome porque é conhecido o hipericão, filho-do-roble, é devido à cor que toma no estado de maturação. (…)

O hipericão começa a florescer no mês de Maio e mantém-se florido ate Junho/Julho. Cada flor é constituída por cinco pétalas que se fecham ao crepúsculo, ou com a ausência de sol, e só voltam a abrir quando os reflexos solares pairam sobre elas. A cor amarelo-viva vai paulatinamente passando para um tom acobreado que se manifesta também nos caules, tomando toda a planta uma tonalidade uniforme no Outono. É nesta fase que o sabor amargo se vai suavizando.

Como tantas outras plantas de sabor amargo, adapta-se bem à poluição, propagando-se até à beira das estradas e absorvendo os gases dos veículos motorizados, sem expressar qualquer alteração visível. Quando contaminada torna-se um perigo para a saúde, com a agravante de que actua particularmente no fígado e no sistema nervoso.

Colheita: Começa-se por colher apenas 2 pétalas das flores completamente desabrochadas de modo a que continuem a formar o casulo que protege o ovário da flor durante a noite. No Outono, quando a cor bronze-dourada atinge a uniformidade, corta-se o caule a 5 cm da raiz.


Conservação:

As pétalas das flores mantêm a vitalidade mais ou menos 7 horas. Após a colheita do caule separam-se as folhas e as sementes e colocam-se em cestos, por separado, para secarem em boas condições, visto que têm constituições diferentes. Terminado o processo de secagem guardam-se as folhas e as sementes em recipientes distintos.

Os caules cortam-se em pequenos troços e guardam-se igualmente em frascos de vidro opaco. Conservam-se durante um ano.

As folhas e as sementes têm um período menor de duração. Em geral, mantêm-se 5 a 7 meses. Ao guardarem-se por separado consegue-se uma melhor conservação e facilita-se o seu emprego.


Forma de utilização:

Pétalas frescas em emulsão.

Folhas secas em infusão.

Sementes em decocção.

Caules em decocção.


Indicações:

A emulsão proporciona uma melhor eficácia, destacando-se os seguintes efeitos: purificante, antioxidante, antidepressivo, hepático e diurético. Toma-se preferencialmente em jejum e no intervalo das refeições. A infusão proporciona principalmente os efeitos diurético, tónico e vulnerário. A decocção proporciona em especial os efeitos depurativo, antipodágrico, vermífugo, hepatálgico, cicatrizante, antidepressivo e vulnerário. A infusão e a decocção podem tomar-se a seguir às refeições.

Uma pequena taça de infusão ou de decocção pode ajudar a evitar a acumulação de resíduos e a astenia que surge, geralmente, após a ingestão da maioria dos alimentos.

As tisanas também se utilizam no tratamento externo. A emulsão aplicada directamente sobre a pele faz aumentar a tonicidade e ajuda a curar a acne e outras erupções do tecido cutâneo. Os pachos quentes aliviam dores lombares provocadas pela gota, pelo reumatismo e por espasmos nervosos.

Para se conseguir melhores resultados e mais duradouros, faz-se tratamento interno e externo durante 5 dias consecutivos. Nesse período deve tomar-se um litro de tisanas de hipericão diariamente e aplica-se a emulsão ou compressas de 1 a 3 vezes por dia, conforme o diagnóstico e os resultados pretendidos. No caso de edema ou celulite, a emulsão deve ser aplicada 2 vezes ao dia no mínimo, e passados os 5 dias reduz-se o tratamento para 3 vezes por semana num período de 3 meses. Deve seguir-se também um regime alimentar especial. (…)

O hipericão, bem administrado, influi beneficamente na nossa saúde. No entanto a prescrição desta planta exige cuidados especiais uma vez que interage com vários grupos de medicamentos químicos, como por exemplo os anticoncepcionais. A investigação científica faz apenas referência ao hipericão perforatum L, mas as outras variedades possuem características semelhantes e supostamente os efeitos não são diferentes.

Este é um exemplo da necessidade premente de um estudo minucioso das plantas aromáticas e medicinais.


Fonte: Guia Ecológico das Plantas Aromáticas e Medicinais de Zélia Sakai

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