Harpagófito (Harpagophytum procumbens Dec.) – Poderoso anti-reumático
Senhor Menhert! Lembra-se daquele soldado gravemente ferido que foi dado corno incurável pelos médicos alemães? – pergunta o nativo ao seu amo.
– Claro que me lembro. Acho que o pobre não terá conseguido sobreviver para contar o que lhe aconteceu.
– Nada disso! Curou-se com uma planta que lhe aplicaram os feiticeiros.
– Não me digas? Então tenho que saber que planta é essa.
Encontramo-nos na África do Sul, perto do deserto do Calaári e a norte do rio Orange. Está-se no ano de 1904, e acaba de estalar a revolta dos Hotentotes contra a colonização alemã. Menhert era um colono alemão que trabalhava duramente na sua exploração agrícola, e que mantinha boas relações com os nativos.
– Vou pedir aos feiticeiros que me digam qual é essa planta capaz de curar feridas tão graves – pensava Menhert -, porque de certeza na Europa não a conhecem.
Mas os curandeiros hotentotes negaram-se repetidamente a revelar-lhe o segredo. Então, o inconformado colono conseguiu treinar um cão, de maneira a que seguisse os feiticeiros e conseguisse localizar a planta em questão. Depois de ter reunido uma certa quantidade de raízes da planta, que mais tarde viria a ser identificada como Harpagophytum procumbens envio-as para a Alemanha, a fim de serem analisadas.
Desde essa altura, o prestigio desta planta não parou de aumentar. E actualmente um dos remédios mais eficazes de que a fitoterapia dispõe para o tratamento das doenças reumáticas.
Propriedades e Indicações:
Desde os princípios do século XX, a raiz do harpagófito tem sido profusamente investigada e analisada, especialmente em laboratórios alemães. Descobriram-se lhe mais de 40 componentes activos, entre os quais os glicósidos monoterpénicos do grupo dos iridóides (glucoiridóides), harpagina, harpagido e procumbido. A eles se devem as suas propriedades analgésicas, anti-inflamatórias e antiespasmódicas.
Também possui acção cicatrizante, e faz descer o nível do colesterol e do ácido úrico no sangue. As suas indicações são as seguintes:
–Anti-inflamatório e anti-reumático: O harpagófito torna-se especialmente eficaz nas dores reumáticas crónicas produzidas pela artrose. Obtêm-se resultados muito bons, confirmados pela investigação clínica, nos casos de artrose cervical ou lombar, das ancas e dos joelhos. Passados dois ou três meses de tratamento, melhora significativamente a motilidade articular, e desaparece a dor. Verificou-se que é útil em todos os tipos de reumatismo articular (1,2).
Ao contrário da maior parte dos fármacos anti-inflamatórios, a raiz do harpagófito não provoca nenhum efeito irritante sobre o aparelho digestivo. É completamente isenta de efeitos secundários nas doses terapêuticas.
O efeito anti-reumático do harpagófito produz-se tanto quando se ingere por via oral (1,2), como quando se aplica em uso externo (3). Os maiores efeitos conseguem-se combinando simultaneamente ambas as formas de aplicação.
–Depurativo: Facilita a eliminação, pela urina, dos resíduos ácidos do metabolismo, como o ácido úrico, responsáveis pela gota e por muitos casos de artrite (inflamação das articulações) (1,2).
–Antiespasmódico: Tem um efeito relaxante sobre espasmos ou cólicas intestinais, cólon irritável, cólicas biliares e renais (1,2).
–Hipolipemiante: Faz descer o nível de colesterol no sangue, e regenera as fibras elásticas que formam a parede arterial, pelo que se torna recomendável em caso de arteriosclerose (1,2).
–Cicatrizante: Aplicado externamente, é um excelente cicatrizante de toda a espécie de feridas e úlceras cutâneas (3).
Preparação e emprego
Uso interno
1-Infusão: A dose habitual é de uns 15 g diários (uma colher de sopa) de pó de raiz, infundidos em meio litro de água. Deixar repousar entre meia e uma hora. Toma-se 3 ou 4 vezes por dia.
2-Cápsulas: Devido ao seu sabor amargo, também se apresenta em cápsulas, que contêm pó de raiz, de que se tomam 3 ou 4 por dia, sem mastigar.
Recomenda-se tomar as infusões ou os preparados farmacêuticos de harpagófito,antes das refeições.
Uso externo
3-Compressas ou fomentações empapadas com a mesma infusão já descrita para uso interno, embora convenha fazê-la um pouco mais concentrada. Aplicam-se sobre a zona afectada da pele, várias vezes por dia.
Outros nomes: Esp.: harpagofito, harpago, garra del diablo, raiz de Windhoek. Fr.: harpagophytum, griffe du diable. Ing.: devils claw.
Habitat: Originário do Sul da Africa, das regiões confinantes com o deserto do Calaári na actual Namíbia. Dá-se nos terrenos arenosos e argilosos.
Descrição: Planta vivaz da família das Pedaliáceas, que chama a atenção pelas suas flores solitárias de cor púrpura, semelhantes às da dedaleira. O seu fruto, que cresce junto ao solo, é lenhoso, de 10 a 20 cm de comprimento, e é provido de umas saliências em forma de ganchos. Da raiz primária, que é tuberosa e muito comprida, saem raízes secundárias parecidas com os amendoins, de sabor fortemente amargo, que são a parte medicinal.
Partes utilizadas: as raízes secundárias ou bolbos.
Fonte: A Saúde pelas Plantas Medicinais, Vol.2, de Jorge D. Pamplona Roger
Composto e postado por Ângela Barnabé
boa tarde, me chamo Rosangela, quero saber qual é a cor do pó desta raiz,obrigada e onde eu posso comprar o verdadeiro, tenho medo de comprar errado
Boa tarde Rosangela. Não sabemos onde pode encontrar o pó desta raiz nem a sua cor. Sugerimos que, para se certificar que é o verdadeiro, procure-o através do seu nome em latim: Harpagófito (Harpagophytum procumbens Dec.).