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genciana

Genciana (Gentiana Lutea L.) – Excelente tónico digestivo

Olhem que planta tão aprumada e vistosa – comenta um excursionista para os seus companheiros.

-Mas é uma genciana! -diz um membro do grupo, conhecedor de plantas.

-A raiz e muito apreciada pelas suas propriedades medicinais.

-Então vamos arrancá-la e levá-la para casa!

-Nem pensem nisso! -exclama o entusiasta da botânica. -Talvez vos custe acreditar que esta planta cresce tão lentamente que leva dez anos a dar as suas primeiras flores, e pode viver mais de cinquenta. Deixemo-la no seu lugar, que se viermos a precisar dela, ainda aqui estará a disposta a oferecer-nos as suas virtudes. Quem sabe se ainda irá viver mais anos do que nós!

Exemplar conduta a deste amante da natureza. A ambição de alguns colhedores pouco cuidadosos pôs em risco de extinção esta majestosa planta. É triste que se tenha estado a arrancar sistematicamente a sua volumosa raiz, que pode chegar a pesar seis quilos, para aromatizar com ela licores alcoólicos.

Dioscórides, o grande médico e botânico grego do século I d.C., já dizia na sua monumental Matéria Médica, que “a raiz da genciana, bebida com agua, socorre os doentes do fígado e do estômago”. Nos nossos dias, quase vinte séculos depois, continua a ser valida a observação do sábio grego, e a genciana é uma das plantas digestivas e aperitivas mais apreciadas.

 

Precauções

Não se deve confundir a genciana com o heléboro-branco (Veratrum album L.), planta que cresce nas proximidades da primeira, e que se distingue dela por ter folhas alternas (saindo uma a uma do caule) e peludas na face inferior, assim como pelas flores que são brancas e têm um cheiro desagradável.

 

 

Propriedades e indicações

A raiz da genciana contem diversos princípios amargos, entre os quais se destacam a genciopicrina e a amarogencina. esta última é a substância mais amarga que se conhece. Numa diluição de uma parte em 50 milhões, ainda se conserva o sabor amargo.

Contém igualmente diversos açúcares, taninos e pectina.

Tem as seguintes propriedades:

Tónico estomacal: Os princípios amargos da raiz de genciana excitam a secreção de todas as glândulas digestivas, incluindo as salivares. Por isso abrem o apetite (acção aperitiva) e facilitam a digestão (acção eupéptica ou digestiva). Toma-se especialmente indicada nas gastrites crónicas em que há uma escassa secreção de sucos gástricos (hipocloridria), na ptose ou atonia gástrica (estômago descaido) , nas indigestões e vómitos, nos casos de inapetência e na convalescença de doencas febris (1,2,3).

Como diz o doutor Leclerc: “Tonifica sem irritar”.

 

Precauções

Devem evitá-la as pessoas que sofrem de úlcera gastroduodenal activa, pois o aumento de suco gástrico pode agravar a doença. Também se deve evitar durante a lactação, pois os seus princípios amargos passam para o leite, e embora não sejam tóxicos, levam o lactente a rejeitá-lo.

 

Colerética e colagoga: estimula a secreção de bílis pelo fígado, e o seu esvaziamento para o duodeno. Recomendada nos casos de congestão hepática e de disquinesias biliares (vesícula preguiçosa) (1,2,3).

Febrífuga: Esta accão não é muito marcada, mas é particularmente eficaz em caso de paludismo. Comprovou-Se que é capaz de destruir os protozoários causadores do paludismo, que Parasitam os glóbulos vermelhos do sangue. Pode utilizar-se associada a quinina, e é especialmente indicada nos casos de paludismo resistente a própria quinina (1,2,3).

Imunoestimulante ( estimulante das defesas) : Comprovou-se que a administração de raiz de genciana provoca um aumento da produção de leucócitos (glóbulos brancos) , pelo que se pensa que possa ter uma ação favorável nos casos de depressão imunitária (escassa resistência às infecções) (1,2,3).

 

Preparação e Emprego

Uso interno

1- Maceração: Coloca-Se um troço de raiz de genciana do tamanho de uma noz(uns 10gr g) num litro de água fria. Deixa-se macerar durante 4-5 horas. Tomam-se 3 chávenas por dia, antes das refeições. Podem-se acrescentar uns grãos de anis durante a maceração, com o fim de tornar mais suportável o seu intenso sabor amargo, mas não convém adoçá-lo.

2-Decocção: 10 g por litro de água. Ferver durante uma hora.  Toma-se meia chávena antes de cada refeição.

3-Pó ou extracto seco: ingere-Se de 0,5 a 1 g antes de cada uma das três refeições diárias.

Outros nomes: argençana, argençana -dos-pastores, genciana-amarela, genciana-das-boticas, genciana-das-famácias, grande-genciana. Brasil: genciana-dos-jardins. Esp.: genciana, genciana amarilla, genciana mayor , junciana, gengiba. Fr.: gentiane [jaune], grande gentiane. Ing. : [yellow] gentian, bitterwon.

Habitat: cresce nos prados e encostas soalheiras das regiões montanhosas da Europa Central e Meridional. Prefere os solos calcários. Muito rara em Portugal, pode encontrar-se na serra da Estrela. Cultivada na América.

Descrição: Planta vivaz da família das Gencianáceas, que atinge de 60 a 100 cm de altura. De caule erecto e liso, do qual saem folhas grandes ovaladas, opostas uma em frente da outra. As flores, que nascem em cachos, são de um tom amarelo vivo.

Partes utilizadas: a raiz

Fonte: A Saúde pelas Plantas Medicinais, Vol.2, de Jorge D. Pamplona Roger

Composto e postado por Ângela Barnabé

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