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Laranjeira (Citrus aurantium L.) – A flor é sedativa e o fruto tonificante

Desde que a laranjeira chegou, na Idade Média, às costas mediterrânicas do Sul da Europa, vinda do Médio Oriente e da Ásia, o seu êxito não parou de aumentar. O seu porte elegante, o magnífico aroma das suas flores e, sobretudo, a excelência dos seus frutos, no caso da laranjeira-doce, permitiram-lhe conquistar os campos e as mesas de uma boa parte do mundo.

Poucos anos depois dos Descobrimentos, os Espanhóis levaram a laranjeira para a América, em particular para o México, a Florida e a Califórnia, onde actualmente se encontram os maiores laranjais do mundo.


Propriedades e Indicações:

Toda a árvore é rica em essências aromáticas de efeitos medicinais, embora a maior concentração se encontre nas flores.

A laranjeira-doce é a mais conhecida e cultivada; no entanto, a variedade de laranjeira que mais se emprega em fitoterapia é a amarga, pois embora ambos os tipos de laranjeira apresentem as mesmas qualidades, a amarga possui uma maior concentração de substâncias aromáticas e de princípios activos.

As folhas, e sobretudo as flores da laranjeira, contêm uma essência composta por limoneno e linalol, entre outras substâncias aromáticas. A elas se deve a sua acção antiespasmódica, sedativa e ligeiramente soporífera (indutora do sono). O seu uso é indicado nos seguintes casos:

-Insónia (1): Provocam uma sedação suave que facilita a chegada do sono.

-Nervosismo e irritabilidade (1): Dão bons resultados nestes casos, sem apresentar perigo de dependência nem outros efeitos secundários nocivos. Podem-se administrar mesmo a crianças pequenas, acalmando-as para lhes facilitar um sono tranquilo.

-Enxaquecas, dores de cabeça causadas por espasmos arteriais (1).

-Transtornos digestivos: espasmos do estômago e dores gástricas de origem nervosa (nervos no estômago), assim como aerofagia e arrotos (1).

Palpitações cardíacas, desmaios e desfalecimentos. A flor de laranjeira faz parte, juntamente com a erva-cidreira, da famosa “água-dos-carmelitas”.

Dores das regras, provocadas por espasmos uterinos (1).

Das flores extrai-se a essência de flor de laranjeira ou néroli, e das folhas, a essência chamada petit-grain.

A casca dos frutos (2), especialmente das laranjas amargas, é rica em glicósidos flavonóides (naringina, hesperidina e rutina), de acção semelhante à da vitamina P. Devido a isto é usada nos casos de fragilidade capilar e vascular (edemas, varizes, transtornos da coagulação). É um bom tónico digestivo, que tem efeito aperitivo e ajuda a digestão. Possui também um suave efeito sedativo, do mesmo modo que as flores e as folhas.


Precauções

As pessoas que sofram da vesícula biliar devem evitar comer laranjas de manhã em jejum. Pela sua acção colagoga, provocam um esvaziamento brusco da vesícula biliar, que pode causar ligeiros incómodos abdominais, como peso no estômago ou sensação de distensão.


Preparação e emprego

Uso interno

1-lnfusão de folhas e/ou flores, com 10-20 g por litro de água (3 folhas ou 6 flores são suficientes para preparar uma infusão sedativa). Ingerir 3 ou 4 chávenas por dia, especialmente antes de deitar.

2-Decocção: Ferver 30 g de casca de laranja, seca, cortada em pedacinhos, em meio litro de água, durante 15 minutos. Pode-se adoçar com mel. Toma-se uma chávena pequena depois de cada refeição.


Sinonímia científica: Citrus sinensis Pers., Citrus vulgaris Risso

Espécie afim: Citrus aurantium var. sinensis L. = Citrus sinensis (L.) Osbeck.

Outros nomes: C. aurantium: laranjeira-azeda, laranjeira-amarga; C. sinensis: laranjeira-doce, laranjeira-da-china, laranja-de-umbigo, laranja-da-baía, laranja-camoesa, laranjeira-romã. Esp.: naranjo agrio, naranjo dulce, naranjo de la China. Fr.: oranger. Ing.: orange tree.

Habitat: Oriunda da Ásia Central. A sua cultura estendeu-se a toda a região mediterrânea e a todas as zonas quentes do continente americano.

Descrição: Árvore de ramos espinhosos, da família das Rutáceas, que atinge de 2 a 5 m de altura. As folhas são perenes, têm um pecíolo alado em forma de pequeno coração. As flores são brancas, dispostas nas axilas das folhas. Os frutos são as conhecidas laranjas.

Partes utilizadas: as folhas, as flores e os frutos.


Laranja

A laranja-doce é uma das frutas mais apreciadas, sobretudo nos países frios, pois no Inverno é uma fonte muito valiosa de vitamina C. Come-se directamente a sua polpa, ou então espreme-se para se obter um dos sumos mais apreciados. O sumo de laranja tem de ser bebido acabado de fazer, para se poderem aproveitar as suas propriedades nutritivas e medicinais, pois a vitamina C destrói-se rapidamente em contacto com o oxigénio, e outros componentes também sofrem mudanças desfavoráveis que alteram notavelmente os seu aspecto e sabor. Por isso é costume acrescentar vitamina C ao sumo de laranja industrial, embora com isso não se consiga recuperar todas as suas primitivas propriedades.

As laranjas contêm vitaminas A, B, C e P, assim como flavonóides, açúcares, ácidos orgânicos e sais minerais. Têm propriedades anti-escorbúticas, tonificantes, aperitivas e colagogas (provocam o esvaziamento da vesícula biliar). O seu consumo torna-se muito recomendado nos seguintes casos:

Doenças infecciosas ou febris.

Esgotamento, astenia (sensação de cansaço).

Desnutrição, anemia, raquitismo.

Trombose, arteriosclerose e transtornos circulatórios em geral. As laranjas diminuem a viscosidade do sangue e têm um efeito protector sobre os vasos sanguíneos, devido, entre outras coisas, à vitamina P.

O fruto da laranjeira-amarga costuma ser utilizado somente na preparação de doces.


Fonte: A Saúde pelas Plantas Medicinais, Vol.1, de Jorge D. Pamplona Roger

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