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Segunda articulação ligada ao ombro através do braço, a representação do cotovelo equivale à do joelho. Também se trata da articulação que dobra, que rompe, que cede. Ele faz com que o braço tenha uma mobilidade multidirecional, ampliando essa mobilidade em direção a todos os eixos da horizontalidade e da verticalidade, exceto para trás, ao contrário do joelho. A dificuldade para romper diante de uma vontade de ação rígida demais se fará sentir nessa articulação.

O cotovelo representa a porta da Aceitação em relação à ação. Trata-se também da articulação que faz a alternância entre o Consciente e o Não-Consciente, seja no sentido da Densificação (do Não- Consciente em direção ao Consciente), ou no sentido da Libertação (do Consciente em direção ao Não-Consciente). É nesse nível que as alternâncias das nossas sensações, emoções ou ideias de ação são feitas, contanto que haja Aceitação.


Os males do cotovelo

Quando sentimos dor no cotovelo, isso quer dizer que temos dificuldade para aceitar uma experiência vivida, uma situação. Estando no nível do braço, essa tensão está necessariamente relacionada com a ação, o fazer. Alguma coisa acontece ou alguém faz alguma coisa que nós recusamos, que temos dificuldade para admitir ou que acatamos, mesmo nos sentindo contrariados ou forçados. Também pode ser algo que temos de executar, à nossa revelia ou que teríamos preferido fazer de outra maneira ou não ter de fazê-lo. As tensões no cotovelo também nos dizem que a maneira de agir – tanto a nossa como a dos outros – não nos convém, que ela perturba os nossos hábitos de ação, as nossas crenças ou as nossas certezas em relação a esses hábitos.

Se a dor ou o traumatismo se manifestarem no cotovelo direito, estão relacionados com a simbólica Yin (materna), e se for no cotovelo esquerdo, com a simbólica Yang (paterna).

Aqui, o exemplo que me vem em mente é o do Hervé, que veio consultar-me sobre problemas de dores nos ombros e nos bíceps. Praticamente toda a parte esquerda do seu corpo se mostrou dolorida, tensa. Tendo sido operado das glândulas salivares do lado esquerdo, pouco após a sua chegada na França, ele tinha sempre uma tendência para se ferir ou para embater nos objetos com o lado esquerdo desde essa época, há vinte anos.

Quando da sua visita, o sofrimento atingia especialmente os seus ombros, e depois, disse-me ele, “agora desceu” para os dois cotovelos se concentrando um pouco mais no esquerdo. Ora, a vida do Hervé havia mudado subitamente durante os acontecimentos ligados à independência da Argélia.

Nessa época, seu pai havia sido raptado e desaparecera misteriosamente. Desde então, jamais teve notícias dele e só pode presumir que tenha morrido. Alguns meses mais tarde, suas glândulas salivares do lado esquerdo começaram a se esclerosar.

Apesar dos inúmeros tratamentos, ele chegou ao ponto em que foi preciso ser operado. A operação foi muito “bem-sucedida”. Só que ele não havia “engolido” o que tinha acontecido e o lado esquerdo do seu corpo continuava a soar o alarme e a tentar comunicar o seu sofrimento.

Como o homem tem que ser forte, ele não exprime tal coisa. O que acontece é que Hervé nunca aceitou o que se havia passado, o que foi feito, e se encontrava fragilizado. Confirmou que, hoje em dia, enfrenta problemas e impedimentos de ação no seu meio profissional, que ele acha difícil de aceitar.

Os seus ombros, seus bíceps e, depois, os seus cotovelos se manifestaram dolorosamente, revelando-se dessa maneira a sua sensação de bloqueio em relação à ação. O lado esquerdo predomina, o que lhe mostra que a sua ferida “paterna” provavelmente não está cicatrizada.


Fonte:  Diga-me onde dói e eu lhe direi porquê de Michael Odoul

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