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atitudes

Por experiência, todas as pessoas experimentaram já a influência que a atitude psíquica exerce sobre o funcionamento do organismo.

O simples estado de nervos que antecede os exames é suficiente para produzir alterações: não temos vontade de comer, transpiramos, o coração bate mais rapidamente, as mãos tremem, os intestinos alteram-se e a vontade de urinar é anormalmente insistente…  Um problema que surja a meio de uma refeição poderá ser motivo de indigestão para um comensal irritado.

Além disso, as mágoas podem tirar o apetite, as preocupações impedem-nos de dormir… Quem não conhece pessoas com padecimentos hepáticos que, ao menor problema, sofrem uma crise de fígado, ou asmáticos que, a cada contrariedade, têm um acesso de asma? Quem não ouviu já falar nos “doentes da segunda-feira”, estudantes ou adultos que, com o temor de enfrentarem uma nova semana, adoecem à segunda-feira de manhã?

Se os episódios da nossa vida psíquica, limitados no tempo, como os que acabamos de citar, podem transformar momentaneamente as várias funções orgânicas, podemos imaginar quão mais profundos serão os desajustes produzidos numa pessoa que se angustia continuamente por tudo, cujas ideias são sempre negativas, que se deprime e tem medo de adoecer gravemente, que se impacienta com os seus familiares, que agride os vizinhos e disparata por nada.

Seria falso pensar que nada se pode fazer e acreditar que somos apenas vítimas dos acontecimentos. Efectivamente, o principal não é tanto a situação que vivemos, mas a nossa atitude frente a ela.

Algumas pessoas aborrecem-se por coisas insignificantes, enquanto outras são capazes de conservar a calma, inclusive em situações de grande tensão. Duas pessoas que vivem juntas uma mesma situação, em que ambas se encontram envolvidas da mesma maneira (por exemplo, no momento de  um falecimento), podem reagir de forma bastante diferente uma da outra: uma estará completamente abatida e decairá lentamente, enquanto a outra, profundamente abalada, se refará e, cheia de força, dará um novo sentido à sua vida.

A prevalência da nossa atitude e dos nossos pensamentos sobre os acontecimentos também se revela através do facto de que basta imaginar uma situação desagradável para que o funcionamento orgânico se altere. O simples pensamento, com semanas de antecipação, dos exames que se aproximam, pode originar angústias imediatas e comprimir o estômago. Os pensamentos de agressividade e de ódio são capazes de modificar o ritmo respiratório e criar um estado de tensão, mesmo que a pessoa contra quem se dirige a agressividade esteja ausente. Mas também a alegria provocada por uma visita que aguardamos pode modificar todo o estado geral de um paciente.

A influência dos pensamentos é tal que, até certo ponto, podemos dizer que a vida e a morte dependem deles. O apego à vida que se verifica em alguns doentes ou acidentados graves é capaz de fazê-los ultrapassar situações absolutamente desesperadas.

Em contrapartida, doentes e feridos que se “abandonam”, que “deixam passar”, acabam, às vezes, por morrer vítimas de transtornos totalmente ao alcance dos métodos terapêuticas. O facto de a nossa atitude como doente poder influir até este ponto no resultado de uma doença, inclusive numa enfermidade grave, indica claramente que podemos facilmente desinteressarmo-nos do aspecto psíquico da questão, como se este fosse um ponto secundário, e concentrarmo-nos apenas nos aspectos materiais e físicos da doença.

O psiquismo exerce uma influência permanente sobre o físico e, assim como uma atitude negativa pode aumentar a gravidade dos transtornos ou dificultar os tratamentos, uma atitude positiva pode, também, ser condição para se obterem melhoras.

Como se degrada o terreno, especialmente quando a nossa atitude psíquica é negativa?

Tanto os nossos pensamentos, como os sentimentos que geram modificam o equilíbrio normal dos nossos órgãos, através do sistema nervoso simpático e das secreções das glândulas endócrinas.

O sistema nervoso simpático, também designado por sistema neurovegetativo, actua sobre os órgãos, retardando ou acelerando o seu trabalho. Desta forma, adapta a todo o momento a sua actividade às necessidades da vida quotidiana, que estão em contínua modificação. Por exemplo, quando devemos enfrentar um perigo, as funções digestivas inibem-se, uma vez que não contribuem para a nossa defesa. Quando o perigo tiver passado, as funções circulatórias e respiratórias retardam-se e estimulam-se as funções digestivas, para que a digestão interrompida possa continuar.

Quando, devido a uma atitude errada, uma pessoa se coloca sob um estado de tensão constante, as suas funções digestivas, para tomarmos o exemplo anterior, encontram-se num estado crónico de indigestão, com o qual se produzem numerosos resíduos e toxinas que originarão a degradação do terreno.

Consoante as respostas do sistema simpático às diversas solicitações, outras modificações poderão produzir-se: as evacuações poderão realizar-se mal, se os excretores estiverem permanentemente inibidos; ou poderão ocorrer oxidações, se for o sistema respiratório aquele que estiver reprimido, etc. As glândulas endócrinas – tiróide, supra-renais, etc. – desajustam-se do mesmo modo que o sistema nervoso simpático.

 Por exemplo, o medo estimula a secreção de adrenalina pelas glândulas supra-renais, e uma agitação e uma irritação constantes aceleram o funcionamento da tiróide. Assim, temos que as secreções hormonais influenciam o funcionamento dos órgãos, daí derivando, também, as más digestões ou evacuações, uma diminuição das trocas ou da circulação que provocarão a degradação do meio humoral.

A influência da nossa vida psíquica sobre a saúde física, por muito discreta que seja, é, no entanto, fundamental. Se desejamos obter uma cura autêntica, o aspecto psíquico, ainda mais que os outros factores de risco que nos forçam a modificar o nosso modo de vida, exige de nós uma transformação profunda.

A influência dos pensamentos é tal que, até certo ponto, deles dependem a vida e a morte.

Fonte: Compreender as doença graves de Christopher Vasey

Composto e postado por Ângela Barnabé

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